quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Papa Bento XVI versus Projeto Aceitação Familiar

Estive lendo um pouco o G1 hoje, procurando matérias... E vi algumas que me chamaram a atenção.
(1) O papa compara homossexualidade a devastação das florestas.
(2) Rejeição familiar a homossexualidade pode afetar a saúde dos jovens, rejeição esta que acontece principalmente nas famílias Latinas.

Pois bem, sobre a (1), complementei aqui com a opinião de ativistas. Para o papa o comportamento homossexual é tão prejudicial quanto o devastamento mundial da fauna e da flora. Talvez o querido Bento XVI tenha uma explicação para esse argumento.. Eu, particularmente, não enxergo como pode uma mulher que faz sexo com outra mulher (ou um homem que faz sexo com outro homem) causar a destruição de inteiros ecossistemas, gerar aquecimento global e arruinar o mundo em que vivemos para as gerações futuras. **ok, gerar aquecimento global, eu até entendo.. ui! séquici!** Copio aqui o que disse um ativista do Stonewall "Fiquei um pouco espantado com a conexão entre casais de gays e lésbicas, vivendo suas vidas em relações carinhosas e com fidelidade, e as mudanças climáticas, que podem destruir o planeta".

O papa pode achar que o que ele disse foi bonito, poético e causa um bom impacto sobre as pessoas.. Mas aí vem a matéria (2) e mostra justamente o contrário. A rejeição familiar aos jovens que declaram a homossexualidade (ou bi) aos pais pode trazer danos GRAVES a saúde, como depressão, o uso de drogas ilícitas, o risco de infecções venéreas e até mesmo tentativas de suicídio. E interessante que essa rejeição familiar é mais presente nos lares latinos.. Vejamos... qual é mesmo a religião dominante nos lares latinos? ahhh a do papa Bento XVI, ne?

Então vamos juntar (1) com (2)? A homossexualidade deve ser combatida assim como a devastação das florestas. Essa ecologia do homem é necessária. Não importa que os efeitos colaterais do combate a homossexualidade possam trazer danos graves a saúde, afinal, é melhor um adolescente doente, depressivo e até mesmo é melhor um adolescente morto do que um adolescente homossexual.

Sinto muito, Bento XVI, mas eu discordo.

H.



Papa compara defesa da heterossexualidade à proteção de florestas
Em discurso aos funcionários da Cúria, papa pede criação de 'ecologia do homem'.


O papa Bento 16 sugeriu que salvar a humanidade do comportamento homossexual ou transexual é tão importante quanto salvar as florestas da destruição.

"As florestas tropicais merecem a nossa proteção. Mas o homem, como criatura, não merece nada menos (do que isso)", disse Bento 16 em seu discurso de final do ano para os seus assessores mais próximos e outros funcionários do Vaticano.

Segundo ele, a igreja "deveria proteger o homem da autodestruição". "É necessário um tipo de ecologia do homem", acrescentou.

O papa criticou a teoria de gênero, que considera que as diferenças biológicas desempenham um papel relativamente pequeno nas diferenças reais entre homens e mulheres. Essa teoria, rejeitada pelo Vaticano, diz que a maioria das diferenças são questões não de sexo mas de gênero, e são formadas e cultivadas socialmente.

Esta teoria é defendida por grupos gays e transexuais como chave para a tolerância, de acordo com o correspondente da BBC em Roma, David Willey.

O papa afirmou que tornar menos clara a distinção entre masculino e feminino pode levar à "destruição da raça humana".

A igreja católica considera pecado o ato homossexual, mas não o homossexualismo.

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Declaração do papa sobre gays foi prejudicial, dizem ativistas

Pontífice comparou defesa do heterossexualismo à proteção de florestas.


Gays e grupos de defesa dos direitos dos homossexuais criticaram nesta terça-feira declarações feitas pelo papa Bento 16, que disse que salvar a humanidade do comportamento homossexual ou transexual é tão importante quanto salvar as florestas da destruição.

Segundo o Movimento Gay e Lésbico Cristão da Grã-Bretanha, os comentários do pontífice foram "irresponsáveis e inaceitáveis".

A líder do Movimento, Sharon Ferguson, afirmou que esse tipo de declaração justifica maus tratos a gays.

Na Itália, Vladimir Luxuria, um deputado transexual, concordou que as palavras do papa são prejudiciais.

"Eu acho que é muito danoso para o transexual católico. Nós não nos sentimos como pessoas que queremos destruir algo, mas como pessoas que querem construir sua verdadeira identidade, suas relações com suas famílias e relações com o mundo."


Resolução
Os comentários de Bento 16 foram feitos em um pronunciamento a clérigos no Vaticano. Segundo ele, não é "metafísica anacrônica" se referir à "natureza humana como 'masculina' ou 'feminina'". Isso teria se originado na "linguagem da criação, que, se desprezada, significaria a autodestruição dos humanos".

"Florestas tropicais merecem, sim, nossa proteção, mas o ser humano... não merece menos que isso."

Mark Dowd, um estrategista gay do grupo cristão Noah, que luta por medidas para deter as mudanças climáticas, disse que as afirmações do papa são "compreensíveis, mas mal orientadas e infelizes".

Ele disse que compreende a visão do papa de que, na criação, as florestas tropicais eram protegidas e homem e mulher complementavam um ao outro, ter filhos e viver felizes.

"O problema é que, se você estudar ecologia seriamente como qualquer homem inteligente faria, e o papa é um homem fantasticamente inteligente, você percebe que a ecologia é algo complexo, como todo tipo de interdependência estranha, e o mesmo se aplica á sexualidade humana."

"Fiquei um pouco espantado com a conexão entre casais de gays e lésbicas, vivendo suas vidas em relações carinhosas e com fidelidade, e as mudanças climáticas, que podem destruir o planeta", disse Derek Munn, representante do grupo militante gay Stonewall.

"É evidente que homens e mulheres são diferentes, mas é exagerado dizer que, a menos que a pessoa esteja em uma relação heterossexual, que possa produzir filhos, sua vida humana tem menos valor."

Embora não qualifique o homossexualismo em si um pecado, a Igreja Católica considera os atos homossexuais pecaminosos.

A Igreja Católica também se coloca contra o casamento entre homossexuais.

Neste mês, o Vaticano se manifestou contrário a uma proposta de resolução das Nações Unidas que poderia tornar universal a descriminação da homossexualidade, embora seja contra a discriminação dos homossexuais.

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Rejeição familiar a homossexuais pode afetar saúde de jovens, diz pesquisa

Washington, 29 dez (EFE).- A rejeição familiar que os adolescentes homossexuais sofrem, e que é mais notável para os latinos, causa danos em sua saúde, segundo um estudo publicado hoje na revista "Pediatrics".

O artigo, escrito pela diretora do Projeto Aceitação Familiar, Caitlin Ryan, e por sua equipe no Instituto César Chávez da Universidade Estadual de San Francisco, é o primeiro que mostra que o comportamento negativo de pais e mães para com os filhos e filhas homossexuais afeta a saúde dos jovens.

"As reações familiares negativas para com a orientação sexual de seus filhos estão vinculadas com problemas de saúde graves para eles quando chegam à juventude precoce, tais como a depressão, o uso de drogas ilícitas, o risco de infecções venéreas e tentativas de suicídio", disse Ryan.

Para este estudo, a equipe de Ryan conversou com 224 pessoas com idades entre 21 e 25 anos que tinham confessado sua orientação sexual pelo menos ao pai ou à mãe, ou para a pessoa que cuidava deles, durante a adolescência.

Os participantes se identificaram como homossexuais ou bissexuais.

Entre estes jovens adultos, os que tiveram níveis mais altos de rejeição familiar durante a adolescência tinham 8,4 mais chances de ter tentado suicídio, 5,9, de sofrer depressão e 3,4 de usar drogas ilegais, do que aqueles que não reportaram comportamento negativo da família.

Além disso, estes jovens que sofreram rejeição e censura familiar mostraram 3,4 vezes mais probabilidades de ter tido relações sexuais sem proteção, o que os deixa mais vulneráveis a doenças venéreas e ao contágio do vírus de imunodeficiência humana (HIV).

"Os latinos foram os que apontaram um número mais alto de reações familiares negativas à orientação sexual durante a adolescência", destaca o artigo.

"No ambiente atual, freqüentemente hostil para os jovens homossexuais e bissexuais, é importante que se saiba que tanto os problemas mentais como a depressão e o suicídio, e os riscos de contágio de doenças, aumentam enormemente com a rejeição", disse Sten Vermund, diretor do programa Global Health na Universidade Vanderbilt.

O enfoque que prevalece entre pediatras, enfermeiras, assistentes sociais, conselheiros escolares e outros serviços comunitários se concentrou quase exclusivamente no atendimento aos jovens homossexuais e bissexuais, e não considera o impacto da reação na família.