terça-feira, 18 de novembro de 2008

Família, família, papai, mamãe titia...

A Família é um dos pilares da sociedade, diz a Constituição Federal no Art. 226, e merece especial proteção do Estado. Atrelado a isso,a CF veta qualquer tipo de discriminação, nos Arts. 3º e 5º.

Quando discutida a guarda ou adoção de uma criança ou adolescente, deve-se primar pelo melhor interesse daquela criança e daquele adolescente.

Desses preceitos fundamentais, parece que um sem-número de juízes se esquece na hora de proferir uma sentença provendo ou negando a guarda ou adoção de uma criança a um indivíduo. Casal "Anormal" que privaria a criança de uma vida "normal"??? Quão petulante chega um juiz a ser para fazer tais alegações sobre duas pessoas e sobre seu modo de vida?

A criança da matéria que se segue ficou 6 meses longe de um lar em que tinha amor e cuidados especiais para ficar num abrigo. É isso que se chama atender o melhor interesse da criança? Ficar 6 meses num abrigo é melhor para uma criança do que no seio de uma família, unicamente porque a figura materna daquela família é uma mulher considerada transexual? Roberta Góes Luiz é uma mulher que apenas precisa fazer a retificação de seu registro civil e uma cirurgia de transgenitalização para correção. Essas correções anatômicas e de registro de maneira alguma impediriam o bom desenvolvimento de nenhuma criança.

Repletos de indignação passamos adiante a matéria do G1, completamente solidários com uma mãe que perde seu filho para um Sistema burocrático e HIPÓCRITA que busca inserir as pessoas em determinado padrão e não respeita diferenças e diversidades, molestando, violentando as garantias individuais asseguradas pelo texto constitucional que expressamente VETA a discriminação.

H.

Após perder a guarda de bebê, transexual quer entrar em cadastro de adoção

Roberta Luiz abriu mão de guarda de bebê que cuidou por oito meses.
Cabeleireira do interior de SP passou um ano lutando pela guarda.


Depois de passar mais de um ano lutando pela guarda de um bebê em São José do Rio Preto, a 440 km de São Paulo, o transexual Roberta Góes Luiz, de 31 anos, decidiu abrir mão da criança e iniciar uma nova luta por outro filho. A decisão de abrir mão da disputa pela guarda do garoto foi tomada e transmitida ao juiz da cidade na primeira quinzena de outubro. “Foi na semana do Dia das Crianças. Eu até pensei assim: ‘mas que presente triste eu estou ganhando’”, disse à reportagem do G1.

O caso de Roberta ficou conhecido em todo o país no início deste ano. Cerca de oito meses após ter recebido o menino das mãos da avó dele - que pediu para que ela passasse a cuidar do bebê -, o transexual teve que entregar a criança à Justiça. Na época, o promotor da cidade alegou que o bebê não podia conviver com um casal "anormal" e não levaria uma vida "normal" sem a presença de um pai e de uma mãe. Roberta é cabeleireira e mora há sete anos com o companheiro, de 40 anos.

Roberta conta que abriu mão da guarda porque não queria prejudicar o desenvolvimento do menino. “Ele já está com outra família há oito meses. Como vou tirar o menino dessa família agora? Como vai ficar a cabeça dele? Se você me perguntar o que eu quero: eu quero lutar por ele. Mas se perguntar o que eu devo fazer: eu devo abrir mão. Por amor a ele. Ele já criou vínculo, criou laço com aquela família”, justifica.

Segundo a cabeleireira, ela e o companheiro entraram com o pedido de guarda do menino quando ele estava na casa deles há apenas 12 dias. “Ficamos com ele por oito meses e depois a Justiça o mandou para um abrigo. Ele ficou lá por seis meses e depois deram ele para uma outra família”, lembra. “O dia em que eu desisti, eu chorei tanto. A hora que eu cheguei em casa, que olhei para o quarto dele montado, eu não agüentei. O que eu fiz para merecer isso? Eu não fiz nada. Pelo contrário, eu só queria o bem dele.”

Nova luta
Apesar de ter renunciado à luta pela guarda, Roberta afirma que o quarto do menino ainda continua intocado: todo decorado, repleto de brinquedos e roupas de bebê. Além das saudades, a preservação do ambiente se justifica pelo novo desejo que tem motivado o casal a continuar na luta por uma família. Com quase todos os papéis organizados, Roberta quer agora fazer parte do cadastro de adoção de crianças.

“O Vitor (bebê que ficou por oito meses com ela) apareceu como um presente. Ele despertou em mim a maternidade. Eu já tinha vontade de adotar uma criança, mas ainda estávamos amadurecendo a idéia. Aí, ele apareceu. A hora que eu tomei gosto mesmo pela situação, me tiraram. Eu fiquei no meio do caminho. Com aquele amor imenso e sem a criança.”

A cabeleireira sabe, entretanto, que o amor de um outro filho não vai substituir o que ela já teve. “O amor pelo Vitor não tem como tirar. O que vai acontecer é uma outra fase, uma outra situação. Eu vou ter que começar como se fosse um segundo filho. Vou ter que aprender a lutar por uma outra criança.” E Roberta não quer apenas um, mas dois filhos. “O primeiro queria que tivesse entre um mês e um ano, para aproveitar as coisas do Vitor. Mas (quanto) ao segundo, não tenho restrição.”

Segundo ela, para dar entrada no cadastro está faltando apenas um laudo psiquiátrico, cujo exame deve ser feito no dia 12 de janeiro. “Quero começar o novo ano esperando um grande presente.”

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